CARLOS POVINA CAVALCANTI nasceu na cidade de União dos Palmares, Estado de Alagoas, a 14 de agosto de 1898. Concluídos os estudos de Humanidades na província natal, transferiu-se para a capital da Bahia, em cuja Faculdade de Direito iniciou o curso jurídico. Em 1918, aos vinte anos, recebia o grau de bacharel na tradicional Faculdade do Recife, para onde se transferira a meio do curso, dedicando-se a seguir ao jornalismo militante, uma das facetas significativas de sua vocação intelectual.
Em Salvador foi redator do Diário da Bahia, a convite do senador Severino Vieira, seu professor de Direito Civil, e em Maceió redator do Jornal de Alagoas, cidade onde também fundou e dirigiu um diário de caráter político. Ocupou uma cadeira na Assembleia Legislativa do Estado, sendo curta, porém, sua carreira política.
Em 1922 transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde o esperavam anos de intenso labor, a exemplo do que ocorre com tantos outros nordestinos obstinados e tenazes na conquista de um lugar ao sol. Nesses primeiros tempos de vida na então capital do país, Povina Cavalcanti retornou às atividades jornalísticas, em cujo exercício não tardou a alcançar merecida reputação.
Nomeado em 1931 para a então Prefeitura do Distrito Federal, foi sucessivamente advogado, procurador e procurador-geral da municipalidade carioca, atingindo finalmente o cargo de Consultor Jurídico do Estado da Guanabara.
- Nota da Editora José Olympio, no livro “Volta à Infância”, de Povina Cavalcanti (Rio de Janeiro – 1972).
“Raízes fincadas para sempre na União, o chão natal”
“Muita coisa aconteceu depois. O menino, órfão de mãe, ainda morou dois anos na União. Mas esta já é outra história. A puberdade, com os seus problemas, não alterou o caráter em formação do garoto, que ganhou, precocemente, uma consciência adulta. A janela, que se rasgou para o horizonte, enquadrava já o adolescente, com olhos abertos para além da Serra da Barriga. Mas suas raízes ficaram ali, no chão natal, fincadas para sempre. União, o Mundaú, a padroeira, a Rua da Fábrica são legendas de um tempo que nunca deixará de estremecer no coração de um homem, cujo desejo maior é o de ser puro e bom como o menino do seu velho e colorido burgo de nascimento.”
(Último capítulo do livro de Povina Cavalcante, “Volta à Infância”, escrito em Petrópolis e Rio de Janeiro, de janeiro a outubro de 1970).