Chuvas e deslizamentos de encostas já causaram 24 mortes em São Paulo

Cerca de 660 famílias estão desabrigadas ou desalojadas, segundo o governo estadual. Onze pessoas estavam desaparecidas e seis ficaram feridas
Chuvas em São Paulo: Trator transporta pessoas por uma rua alagada após fortes chuvas em Caieiras  (Carla Carniel/Reuters).

A Defesa Civil do Estado de São Paulo confirmou, hoje (31), que 24 pessoas morreram em decorrência das intensas chuvas que atingiram a Região Metropolitana e o interior de São Paulo. Entre as vítimas, há oito crianças.

Municípios também registraram o transbordamento de rios, alagamentos, deslizamentos e interdições de rodovias, ruas e avenidas após chuvas intensas atingirem a região. Cerca de 660 família estavam desabrigadas ou desalojadas, segundo o governo estadual. Onde pessoas estavam desaparecidas e seis ficaram feridas.

Em Embu das Artes, uma mãe e dois filhos morreram após a residência em que estavam ser atingida por um deslizamento. São eles: uma mulher de 44 anos, um jovem de 21 anos e uma menina de 4 anos, de acordo com a Secretaria da Segurança Pública do Estado.

Franco da Rocha havia registrado cinco vítimas de outro deslizamento, no bairro Parque Paulista. Uma pessoa chegou a ser resgatada com vida, mas morreu no hospital. Outras seis pessoas foram resgatadas, de acordo com a prefeitura.

O governador João Doria disse que o “pior momento” ocorreu na madrugada e pela manhã e que “não há condições ainda do levantamento pleno”. O governador anunciou a liberação de R$ 15 milhões para 10 cidades (Arujá, Francisco Morato, Embu das Artes, Franco da Rocha, Várzea Paulista, Campo Limpo Paulista, Jaú, Capivari, Montemor e Rafard), para a recuperação urbana e social. “Estou acompanhando com muita tristeza os danos causados pelas fortes chuvas em SP. Minha solidariedade às famílias e amigos das vítimas fatais. Estamos trabalhando nos resgates e autorizei recursos para acolher os atingidos”, afirmou.

O governo detalhou a liberação imediata de R$ 15 milhões para um total de 10 cidades. O município de Arujá receberá R$ 1 milhão; Francisco Morato, R$ 2 milhões; Embu das Artes, R$ 1 milhão; e Franco da Rocha, R$ 5 milhões. Várzea Paulista, Campo Limpo Paulista, Jaú, Capivari, Monte More e Rafard, no interior paulista, receberão R$ 1 milhão cada.

De acordo com o governo, os repasses poderão ser utilizados “para reparar problemas urbanos crônicos dos municípios, que causam transtornos como pontos de alagamento e deslizamentos de terra”.

Além da liberação dos recursos, Doria determinou a criação de uma força-tarefa envolvendo Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e Defesa Civil para apoiar todas as prefeituras das cidades que sofreram com as chuvas.

A circulação de trens foi interrompida em parte das estações da Linha 7-Rubi, de Caeiras a Francisco Morato, devido a alagamentos nos trilhos. Em Franco da Rocha, o Rio Juquery e o Ribeirão Eusébio transbordaram, afetando diferentes regiões da cidade. No início da tarde, a Represa Paiva Castro atingiu 71,2% da capacidade. Segundo a Prefeitura, a água está “sendo bombeada e todas as manobras para evitar a abertura das comportas estão sendo feitas”. O Município apontou que áreas de risco nas proximidades da represa começaram a ser evacuadas e as equipes que monitoram a situação seguem em “alerta máximo”.

O trânsito está interrompido em vias do centro, como a Avenida Giovani Rinaldi, e de acesso ao município. Na Rodovia Luiz Salomão Chamma, que dá acesso à cidade, foram registrados deslizamentos. Em um trecho, a queda de uma árvore interditou parte da pista.

Pela manhã, foram registrados mais deslizamentos. No bairro Parque Paulista, a terra atingiu três casas. Quatro pessoas foram resgatadas e encaminhadas para atendimento na UPA local e no Hospital Estadual Lacaz.

Na Vila Palmares, uma criança de 8 anos foi atingida e levada para atendimento em uma UPA. As equipes da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros seguiram em atuação em ambos os locais.

Em comunicado a Prefeitura pediu que a população evite circular a pé ou de carro, com exceção de moradores de áreas de risco. “O solo está muito encharcado devido ao acumulado dos últimos dias e o risco de deslizamento é muito maior”, apontou.

Em Francisco Morato, foram registrados “diversos pontos de deslizamentos” e vias chegaram a ser obstruídas por queda e queda de árvores, de acordo com a Prefeitura. “A atenção segue voltada para as áreas de risco devido ao encharcamento do solo”, destacou em comunicado.

Já Caieiras divulgou ter recebido muitas chamados relativos a deslizamentos. Também houve alagamentos em rodovia, ruas e avenidas.

Na cidade de São Paulo, as chuvas motivaram a suspensão da campanha de vacinação contra a Covid-19 em parques e farmácias. A aplicação foi retomada normalmente, na segunda-feira (31).

A situação também municípios do interior, como Piracicaba. Segundo a Defesa Civil do município, o Rio Piracicaba está “no limite” e uma de suas barragens, de Americana, chegou a 95% da capacidade. “Toda a nossa equipe está em alerta.”

Alertas do Inmet

Desde sábado (29), praticamente todo o Estado de São Paulo está em alerta de “perigo” para chuvas intensas no sistema de notificações do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). O informe aponta chuva de até 100 mm por dia e ventos de até 100 quilômetros por hora, “com risco de corte de energia elétrica, queda de galhos de árvores, alagamentos e descargas elétricas”.

O instituto emitiu outro alerta na madrugada de domingo, no qual aponta “grande perigo” por causa do “acumulado de chuva” na Grande São Paulo e em trechos das regiões oeste e norte do Estado. “Grande risco de grandes alagamentos e transbordamentos de rios, grandes deslizamentos de encostas em cidades com tais áreas de risco”, destaca.

Fonte: Exame

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