Tribunal da Mídia Golpista antecipa campanha e parte para atacar Lula

PIG inicia com maior força campanha eleitoral antecipada de ataques contra a candidatura Lula, mentindo e manipulando sobre os governos do PT
A candidatura de Lula deve ser defendida incondicionalmente contra o imperialismo – Foto: Reprodução.
Redação do DCO

No último sábado (30), o Estadão, um dos principais representantes da imprensa burguesa no Brasil, publicou um editorial intitulado “Lula esquece, o País lembra”.

Como uma espécie de circular pública, os editoriais do Estadão costumam ditar o tom da política que a burguesia deve levar acerca de determinado assunto e, agora, com as eleições de 2022 se aproximando, vemos que o padrão se repete: foi publicado um manual de como atacar Lula e o PT em 2022.

No artigo, o veículo aponta, em primeiro lugar, que os governos do PT teriam sido um verdadeiro desastre para o país, expondo uma longa lista de acusações farsescas contra os petistas. Vale destacar a seguinte frase que mostra como a imprensa burguesa é suja e demagógica em sua argumentação:

O líder petista pode até falar do apartamento triplex no Guarujá ou do sítio de Atibaia – temas naturalmente desconfortáveis, que escancararam ao País o modo como o ex-sindicalista, que sempre bradou contra os patrões, lida de fato com os empreiteiros camaradas –, mas não faz ideia de como abordar este assunto: Dilma Rousseff e seu trevoso governo

Ou seja, além de atacar Lula por meio da campanha grotesca da Lava Jato, que, apesar de todo os seus esforços criminosos, não conseguiu provar qualquer culpa de Lula sobre os supostos crimes que lhe imputou, o Estadão ataca, também, a ex-presidenta Dilma Rousseff. Fica claro que procura, acima de tudo, dividir a ala mais vinculada ao ex-presidente Lula, principal setor do partido na luta contra o golpe e pela candidatura operária de Lula em 2022, sabotando, como um todo, a luta por Lula Presidente.

Mais à frente, o editorial continua escrutinando a ex-presidenta e, então, faz uma longa lista de resultados negativos do governo de Dilma ─ cuja culpa principal é exatamente dos golpistas que sabotarem o governo ou lhe impuseram políticas desmoralizantes ─, sendo outros “negativos” porque não eram o que a burguesia gostaria e por isso também derrubou a petista:

“O líder petista [Lula] pode não ter nenhum interesse em lembrar, mas ainda estão frescos na memória do País os resultados produzidos pela criatura lulista: recessão econômica, crise social, inflação, desemprego, desorganização da economia, manipulação de preços e irresponsabilidade fiscal, que incluiu, entre outras manobras, as famosas “pedaladas.”

É interessante notar que, no texto, o Estadão argumenta que esses resultados ainda estão frescos na memória do País como se a atual crise, uma das piores em toda a história do Brasil, não fosse consequência direta do golpe de 2016. Golpe esse que foi feito contra Dilma e que teve como um dos principais articuladores o próprio Estadão! O segundo governo Dilma, mesmo com todos os erros por parte do PT e sabotagens por parte da direita, é quase um Paraíso na Terra se comparado com o que veio depois.

Podemos, de maneira simples, responder ao Estadão: de fato, está fresco na memória do País a devastação causada pela burguesia e por sua imprensa nos últimos 10 anos. Não é à toa que Lula é o candidato predileto da população nas próximas eleições, porque consideram que os governos do PT passaram longe da devastação causada desde o início da empreitada golpista, em 2012 com o julgamento farsa do Mensalão.

Dentre outras escatologias, como a afirmação de que o golpe não foi uma farsa, mas sim “atos constitucionais do Congresso”, no final do texto fica claro que os ataques do Estadão contra Dilma são, na realidade, ataques contra Lula:

Se o tempo passou para Dilma, passou também para Lula. O País precisa de gente com outra estatura moral, que não tenha de esconder seu passado nem suas criaturas

Além do citado artigo, a burguesia brasileira, inspirada com seu dever de derrotar Lula de vez, encomendou ainda mais um editorial para o Estadão, que vai no mesmo sentido. Dessa vez mais direto, o texto, intitulado “O mal que Lula fez à democracia”, representa um capítulo feroz das calúnias contra Lula.

Para provar seu ponto de vista, o jornal cita alguns exemplos do suposto mal que Lula fez à democracia. Dentre eles, estão a campanha do PT contra FHC e Itamar Franco (os presidentes do Estadão e da imprensa burguesa) na década de 90, o Mensalão, o Petrolão, a Lava Jato e mais.

Neste último ponto, o editorial argumenta que a postura de Lula em relação à Lava Jato – denúncia de seu caráter autoritário e golpista – foi antidemocrática, uma vez que devia-se confiar cegamente no judiciário, que se provou um órgão totalmente dominado por uma potência estrangeira (os EUA), que passou por cima da legislação brasileira para atingir fins políticos. Algo completamente absurdo.

O vice tem que ser do povo, a coalizão tem que ser com o povo

Cabe, aqui, um destaque de mais uma faceta da campanha grotesca de mentiras que a imprensa burguesa faz contra Lula, atribuindo a ele qualidades dela própria:

[…] parece piada de mau gosto com o País pensar no PT como eventual solução. Lula nunca tratou bem a democracia brasileira

Esses editoriais são a prova clara de que, ao contrário do que setores da esquerda pequeno-burguesa pensam, a burguesia fará de tudo para impedir a vitória de Lula. E não só a burguesia de forma fragmentada, mas sim a burguesia em seu conjunto exatamente pela origem dos ataques aqui citados.

Nesse sentido, é uma ilusão tremenda afirmar que as eleições já estão ganhas para a esquerda. Muito pelo contrário, ainda há um longo e doloroso caminho a ser seguido para concretizar a derrota do golpe no Brasil.

Acima disso, é mais infantil ainda acreditar que uma aliança com Alckmin e com demais partidos do chamado centrão concretizarão e impulsionarão a candidatura de Lula. Eles representam, na realidade, elementos que tentam se infiltrar na sua campanha para sabotá-la por dentro, sabotagem essa que se aprofundará mesmo se Lula for eleito.

A factualidade disso se dá pelo seguinte. Digamos que Lula, e o PT, resolvam realizar uma campanha aliando-se, eleitoralmente, a partidos golpistas, mesmo que apêndices dos maiores partidos da direita, como é o caso do PSD. Uma vez eleito, Lula terá de pagar esses partidos, nomeando, por exemplo, algum representante da legenda a um Ministério, entregando-lhe estatais, cargos etc. O clássico jogo da política burguesa ─ é isso que eles querem para, a partir daí, minar o governo.

No momento em que o imperialismo decidir que não quer mais um governo nacionalista, como o de Lula, governe o Brasil, estes “aliados” serão empurrados pelo capital estrangeiro de modo a sabotar de dentro o governo Lula. É o que ocorreu principalmente no segundo mandato de Dilma.

Finalmente, vimos que a imprensa burguesa, o mais fiel representante da burguesia, quer Lula o mais longe possível do Palácio do Planalto. Se este é o caso, como confirma o Estadão, então por que os partidos burgueses “aliados” de Lula fariam qualquer esforço para elegê-lo?

Alckmin é apenas uma sombra da burguesia, representa um setor que está enfraquecido e não possui qualquer poder para articular um grande apoio a Lula por parte dos capitalistas. Os verdadeiros patrões mostram suas caras por meio da imprensa burguesa. Ela sim é a melhor imagem possível da política da burguesia.

Ou seja, a burguesia já iniciou sua campanha contra Lula. Mais do que nunca, está na ordem do dia colocar o bloco na rua, por Fora Bolsonaro e, mais importante, Lula Presidente. É a única base sobre a qual um governo Lula pode se apoiar, o povo na rua ─ qualquer alternativa a isso representa um engodo.

Sem o povo nas ruas, mesmo que Lula consiga se eleger ─ o que já é uma tarefa de grande dificuldade ─, não terá condições políticas para manter seu governo e, consequentemente, poderá golpeado mais uma vez. Já está claro que esse é o plano da burguesia, falta, então, a esquerda reagir e contra-atacar.

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