Redação DCO
O ano de 2022 promete, sendo um ano com grandes perspectivas, para o bem ou para o mal. Em menos de três meses pudemos acompanhar acontecimentos políticos de grande envergadura, como é o caso da guerra na Ucrânia, e tudo indica que a coisa tende a não parar por aí. No Brasil, este será um ano eleitoral, e os indicadores da política burguesa nos apontam que a disputa tende a ser polarizada e, para dizer o mínimo, acalorada .
Desde as eleições de 2018, o clima de polarização (que já existia, por sinal) vem aumentando cada vez mais. Isso somado à crise do Coronavírus e à situação política internacional cria as condições necessárias para que as eleições de 2022 sejam uma verdadeira guerra.
Bolsonaro se apresenta como forte adversário contra Lula, que neste momento se encontra em primeiro lugar em todas as pesquisas, fato que já há algum tempo notamos que cria um clima de jogo ganho dentro de setores do PT. Essa avaliação de uma situação tão delicada não teria como estar mais errada, e é muito importante termos claro o porquê disso.
Neste momento, o imperialismo se encontra em um impasse com as eleições, Lula é totalmente intragável como candidato para manter a política de austeridade imposta pelo golpe de estado de 2016. Isso o torna a principal ameaça a esses planos dentre os candidatos à presidência. Esse fato por si só já teria de ser suficiente para que os companheiros de setores do PT despertassem para a realidade e notassem que para ganhar uma disputa desse tipo com a burguesia, só lutando encarniçadamente nas ruas pela eleição de Lula.
Mas se isso não é suficiente para fazer entender a turma que está iludida com as pesquisas e o sentimento de superioridade trazido pela ideia da volta do PT ao governo, esse clima está se mostrando muito negativo para a candidatura de Lula, que por achar que tem condições de resolver a grave crise política nacional através dos tradicionais mecanismos da política burguesa, procura incansavelmente uma aliança com algum setor burguês, qualquer que seja. O fracasso do PT nesta busca por apoio da classe dominante já é outro indício da total repulsa desta à ideia de ver o PT no poder novamente. Podemos trazer mais fatores para a discussão ao observar a postura da imprensa e as movimentações eleitorais.
A cada nova pesquisa de popularidade que sai, vemos a margem de vantagem de Lula sobre Bolsonaro diminuir, e ainda por cima, vemos que os candidatos da chamada terceira via se tornam cada vez mais “populares”, mesmo que gradualmente. Isso mostra que ainda temos manobras eleitorais em curso, e que a imprensa nem de longe comprou a ideia de que Lula já ganhou as eleições. A imprensa neste momento mostra a dura verdade, ela transmite os pensamentos da burguesia, e estes dizem o seguinte: Lula tem de ser detido a qualquer custo, mesmo que isso signifique reeleger Bolsonaro. É claro que esse não é o plano preferencial da classe dominante, pois Bolsonaro se mostrou instável, imprevisível e não confiável, fora que seu mandato como presidente o desgastou muito, e seu governo tem gerado uma ampla polarização da sociedade. O plano ideal da burguesia é a terceira via, um Joe Biden brasileiro, mas isso não vai a impedir de ir pela via da extrema direita, caso a melhor opção não esteja disponível.
Uma parte da esquerda, do PT, acha que já ganhou a eleição. Outra parte, do PSOL e seus apêndices, recusa-se a apoiar Lula. Diante do “já ganhou” de uma parte da esquerda e da sabotagem de outra parte, a burguesia se vê com maior liberdade para realizar suas manobras, já que esses setores da esquerda têm em comum o fato de não estarem mobilizando a população. É preciso romper com essa paralisia e mobilizar os trabalhadores, unificando-os em um poderoso movimento social em torno da candidatura de Lula que confronte a burguesia e o imperialismo e garanta a eleição do ex-presidente e a construção de um governo operário que imponha uma derrota definitiva do golpe de Estado.