Redação DCO
É muito difícil, sobretudo para as pessoas que não acompanham a política nacional e internacional, receberem informações verídicas ou terem acesso a diversos pontos de vista sobre um determinado acontecimento. A imprensa burguesa sempre irá mostrar o lado que é de seu interesse e a esquerda, quando a reboque da direita, acaba apresentando diversas posições imperialistas como se fossem “progressistas”, caindo na propaganda da burguesia.
Apesar da censura diária aos meios de comunicação que se opõem ao imperialismo, ainda é possível dar a volta por cima, sobretudo com o advento da internet e encontrar fontes confiáveis e informações que foram abafadas pela imprensa. Esse também é o trabalho de uma imprensa revolucionária, como a COTV ou este Diário, que traz diariamente a visão marxista dos acontecimentos, expondo aquilo que a burguesia não quer que você assista ou leia.
De maneira exclusiva, na semana passada, a Causa operária TV, canal no Youtube do PCO, trouxe uma entrevista com Dmytro Khavro, um ucraniano que atualmente reside em Lisboa, Portugal, que nos contou sua visão sobre o atual conflito, assim como relatou diversos fatos que exemplificam a verdadeira ditadura que se tornou a Ucrânia após o Euromaidan, em 2014.
“Mesmo que eu quisesse visitar, a partir de 2014 não o conseguia fazer porque a minha opinião política não é bem-vinda lá”, afirmou Kharvo.
Em 1 hora de entrevista, Dmytro relatou diversos casos de perseguição o qual presenciou e ouviu ao longo desses anos de golpe. Bastava que um cidadão comum falasse russo em público e sua atitude fosse denunciada para que este fosse multado ou até mesmo preso por sua “audácia” — um caso evidente da verdadeira russofobia que vem se instaurando no mundo, sendo impulsionada pelo imperialismo. O governo ignora que boa parte da população acaba por ter a língua russa como seu idioma principal por conta das características históricas do país.
Outro caso marcante relatado por Khavro foi um verdadeiro ato de censura contra um cidadão que curtiu uma publicação em seu Facebook: a publicação em questão continha a foice e o martelo, um notório símbolo do comunismo, e a mera curtida desta pessoa fez com que a polícia aparecesse em sua casa e o mandasse para a prisão por 5 anos — mas não se vê a “democrática” plataforma que é o Facebook denunciando essas ações, afinal, para a burguesia, apenas a censura a Rússia é um ato “democrático e necessário” para a proteção de seus usuários.
“[Os opositores do governo] não são bem-vindos. Tanto políticos, quanto a imprensa, quanto pessoas normais […] você não pode dizer na Ucrânia que você não apoia o golpe de Estado, ou dizer que você é comunista ou que você apoia o comunismo […] Na Ucrânia é proibido o Partido Comunista, e essa simpatização ao Partido Comunista. […] Eu não conheço ninguém atualmente na Ucrânia que seja opositor e que não esteja a ser perseguido”, afirmou Dmytro.
Outro exemplo significativo é o do controle da imprensa local: ninguém pode se manifestar contra o governo se não quiser arcar com as consequências. Dmytro relatou que “Neste momento, o governo controla toda a imprensa na Ucrânia. Qualquer outra imprensa que critique o governo não é permitida na Ucrânia. Você não pode criticar o governo […] 6 canais televisivos foram bloqueados, proibidos de transmitir só no governo do Zelensky porque foram acusados de propaganda contra o governo.”
Assim como uma boa ditadura, a Ucrânia tem um aspecto necessário e característico para manter suas ações agressivas contra a própria população: o apoio do imperialismo, sobretudo dos Estados Unidos. O início deste conflito entre Rússia e Ucrânia já é conhecido: a Rússia se nega a aceitar a entrada da Ucrânia na OTAN (organização altamente imperialista com propósitos militares), uma vez que tal ato ameaça sua soberania e ainda quebra acordos estabelecidos pelo próprio EUA. Apenas este fato já serve para demonstrar o caráter do governo ucraniano — Zelensky, presidente do país, é um fantoche notável da burguesia imperialista e faz tudo o que seus patrões mandam, assim como seus antecessores fizeram desde o golpe de 2014.
“Esse golpe foi muito apoiado e financiado, não só diretamente pelos EUA como também pelos oligarcas que assumiram o poder depois de ocorrer o golpe de Estado”, afirmou Dmytro, “a OTAN já fez exercícios militares na Ucrânia junto com soldados ucranianos. […] Houve também várias missões da OTAN na Ucrânia, missões de treinamentos dos militares ucranianos, armamento, financiamento. A Ucrânia está quase que totalmente dependente daquilo que a OTAN faz, do dinheiro que eles dão e das armas que eles dão.”
Veja a entrevista completa em: