Redação DCO
A imprensa golpista divulgou recentemente que a campanha de Lula estabeleceu diálogo com o economista Pérsio Arida, um dos formuladores do nefasto Plano Real, sob indicação do peso morto Geraldo Alckmin. Aliás, fosse apenas um peso morto, causaria menos estragos, o “picolé de chuchu” parece empenhado em puxar a candidatura Lula para a direita.
A procura por um dos articuladores do programa neoliberal de FHC, que destruiu grande parte da indústria nacional e entregou patrimônio público a capitalistas estrangeiros, é justificada pela própria imprensa golpista como uma ação para acalmar o que ela chama, misteriosamente, de “mercado”.
A pressão para agradar o tal “mercado”, aliás, é recorrente nas campanhas presidenciais do PT, uma verdadeira chantagem dos setores mais importantes da burguesia. É importante explicitar que essa palavra “mercado” é utilizada como um disfarce na imprensa burguesa para os banqueiros, o capital monopolista, o imperialismo, ou seja, o setor mais poderoso e parasitário da classe dominante. Os piores inimigos dos trabalhadores.
Colocando o problema em termos mais concretos, a tarefa imposta ao PT seria de agradar, em última instância, a burguesia imperialista. Agradar o setor da burguesia que tem imposto a política de terra arrasada do neoliberalismo por todo o planeta ao custo de milhões de vidas humanas, seja pela falta de condições materiais mínimas para a sobrevivência seja pelas inúmeras guerras fomentadas nos países atrasados para atender aos seus interesses econômicos.
Trata-se da mesma burguesia que organizou e deu o golpe em 2016 para tirar o PT do governo federal. Que diante da crise dos seus representantes tradicionais prendeu o próprio Lula, para tirá-lo das eleições de 2018, e colocou no governo uma figura do nível de Jair Bolsonaro. Quanto de realismo pode existir numa tentativa de agradar esse tipo de vampiro? Quanto à direita o PT precisaria se deslocar para ser aceito pelo imperialismo nesse cenário de crise histórica do capitalismo?
Da parte da imprensa golpista, essa pressão ajuda a desmoralizar a campanha de Lula diante do seu eleitorado e da sua militância. O PT pode ceder o quanto for, nunca poderá servir aos interesses do imperialismo como Bolsonaro ou o PSDB, pois tem base popular real. E enquanto trilha esse caminho sem futuro, inibe o trabalho militante da esquerda durante as eleições e se apresenta para as massas como apenas mais uma legenda do falido sistema político brasileiro.
Ilusões de lado, o que pode de fato amansar o tal “mercado” não é nenhuma guinada à direita, que será inevitavelmente insuficiente, mas impulsionar as massas populares nas ruas. Só a mobilização do povo em torno das suas reivindicações concretas tem o poder de impor um recuo desses setores da burguesia. Lula só será “aceito” pelo imperialismo se a situação estiver saindo de controle, como ocorreu no começo dos anos 2000 em vários países da América Latina, incluindo o próprio Brasil.