Lula, sem radicalizar e mobilizar o povo, não vencerá rolo compressor da direita

A campanha de Lula, representando a esquerda, deve ser o reflexo da revolta do povo pobre e trabalhador, que viu seu salário diminuir junto com a quantidade de comida disponível na mesa, que ficou diante de um abismo quando foi demitido, dos jovens que ainda não conquistaram o pleno emprego e que estão dispostos a bater de frente a qualquer custo com o projeto político da direita.
"Lula "paz e amor" é o que a direita quer para implodir uma campanha eleitoral em defesa do trabalhador espoliado pelos golpes. Foto: Reprodução.

Redação do DCO

Pelo tom que a campanha vem tomando, dá para perceber que a candidatura do ex-presidente está cedendo às pressões da direita. Sua campanha mais parece a expressão política para a terceira via, isso porque ela toma formas cada vez mais direitistas. Um detalhe que chamou muita atenção foi Lula lendo o seu discurso, ao invés da tradicional improvisação como é de costume.

Se expressar através de discurso lido é uma tradição comum da cultura política norte-americana, que é imitada pela direita nos palanques do Brasil. Para o povo trabalhador, que está acostumado com seu jeito de falar genuíno e muito espontâneo, se deparou com um candidato comportado, que atacava Bolsonaro dizendo que ele era incapaz de “verter” uma lágrima pelo povo brasileiro.

Para muitos, sobretudo para setores da esquerda pequena burguesa da internet, esse Lula “politicamente correto” é o ideal para enfrentar um candidato animalesco como Bolsonaro. No entanto, a campanha não aponta o dedo para a direita golpista, responsabilizando-a pelo Golpe de Estado de 2016 e pelo avassalador governo Bolsonaro, que destruiu as estruturas econômicas e atacou duramente os direitos democráticos dos trabalhadores a mando dos empresários capitalistas.

Pois bem, enganam-se os setores da esquerda que acreditam que a campanha eleitoral precisa ser bem comportada. Lula precisa estar no lugar de um candidato antissistema, e não por caprichos teóricos, mas sim pela necessidade de representar um trabalhador que está com raiva, revoltado e frustrado com o governo Bolsonaro. Um trabalhador que teve a sua vida completamente desfalecida pela crise econômica aprofundada pelos arrochos da direita.

Para quem acha que Lula precisa estar comportado para não ser cancelado, é preciso destacar a campanha ferrenha do Tribunal Superior Eleitoral que, financiando artistas influentes no meio da esquerda pequeno burguesa, está tramando alternativas para desqualificar a campanha do PT e inserir uma terceira via na disputa. É válido perguntar: é à toa nos depararmos com propagandas de grandes multinacionais capitalistas estrangeiras oferecendo descontos em sanduíches em troca da apresentação do título de eleitor? Não à toa.

É comum nos depararmos com matérias da imprensa serviçal da direita, atacando as posturas de Lula e reivindicando uma posição de politicamente correto. Matérias do Estadão que dizem que “Lula calado é um poeta”, ou aquelas que falam sobre os “erros da campanha de Lula” ou as que dizem que as “declarações de Lula geram mal-estar” até entre os seus eleitores têm apenas um objetivo: desqualificar ou, ao menos, empurrar cada vez mais para a direita um candidato que representa os trabalhadores que exigem a nacionalização e estatização do petróleo; que exigem a suspensão de todas as reformas trabalhistas e previdenciárias aprovadas pela direita desde 2016; que exigem o fim do teto de gastos e a volta do investimento público em setores essenciais como educação e saúde, esporte, tecnologia e cultura, que garantem o direito democrático da população brasileira.

É preciso colocar a campanha de Lula na rota de uma campanha que denuncie a direita que financiou concretamente o bolsonarismo, de uma campanha que denuncie abertamente golpistas que se infiltram junto a Lula. De uma campanha que coloque em pauta os interesses da classe trabalhadora, esta que está absolutamente enraivecida com a direita e que não lembra de ser bem comportada porque não tem tempo nem razão para isso.

A campanha de Lula, representando a esquerda, deve ser o reflexo da revolta do povo pobre e trabalhador, que viu seu salário diminuir junto com a quantidade de comida disponível na mesa, que ficou diante de um abismo quando foi demitido, dos jovens que ainda não conquistaram o pleno emprego e que estão dispostos a bater de frente a qualquer custo com o projeto político da direita.

Claro, eles não querem que Lula e o PT voltem ao governo, anos luz de distância disso, o que na realidade querem é tornar sua campanha morna, sem sal, igual a de todos, de forma que nada do ele fale possa polarizar a campanha eleitoral e assim trazer boa parcela do povo para seu lado.

Mas se por uma infelicidade imensa o “Sapo Barbudo” colocar os pés na rampa que da acesso ao palácio do Planalto que ele fique preso a seus compromissos de campanha, que ela, a burguesia propôs.

Ou seja, não pode falar de revogar reforma trabalhista, que eles dizem que ajudou a diminuir do desemprego, não pode falar de revogar a reforma da previdência, estatizar a Petrobras então, nem em sonho.

A impressa burguesa sabe que isso não é possível, mas sabem também que aqueles que estão a volta de Lula são bem mais susceptíveis a pressão, principalmente os oportunistas de plantão dentro do próprio PT.

Outro objetivo em deixar a campanha de Lula o mais fria possível e eleger a terceira via, ou seja, o candidato dos capitalistas nacionais e internacionais, principalmente no caso, o segundo.

Evitando a polarização o candidato da direita terá mais chances de convencer parte da população de que o novo é o novo e quando o povo se der conta terá eleito o velho.

Pouco tempo passará daqui até a eleição, e o PT praticamente não começou a campanha, e o que temos até o momento é o estrondoso fracasso o ato do dia 1º de maio, onde o grosso da classe operária, aquela que esta no chão de fabrica não compareceu, alias nem a pelegada dos sindicatos compareceu.

Lula e PT precisam estar cientes que sem mobilizar o povo não haverá chance de vencer o aparato que o sistema tem montado contra sua candidatura.

Lembremos de que em 2018 o colocaram na cadeia para que Bolsonaro fosse eleito, podemos ter certeza de que vão fazer coisa bem pior agora, a caixa de maldades da burguesia tem muitas ferramentas, e todas as necessárias serão usadas para evitar que Lula chegue a presidência.

A campanha eleitoral está sendo montada como uma corrida de obstáculos, e cada um será mais duro que o outro, a esquerda que realmente quer Lula na presidência não pode confiar em nenhum órgão do sistema dito “democrático”, nem STF, TSE, OAB, ONU, Biden, Cruz Vermelha ou a cavalaria americana.

A era das ilusões já deveria ter acabado para o PT, que sentiu na própria pele o que acontece com quem acredita nesses contos da carochinha.

As propostas para o povo devem ir de encontro as suas necessidades básicas, fome, desemprego, saúde, terra e educação, é isso o que importa para o povo, o resto é conversa da direita para implodir a candidatura de Lula. Agora é arregaçar as mangas e radicalizar sim.

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