Não precisou nem de um cabo e um soldado, montados num jipe velho da caserna, munidos de uma metralhadora enferrujada do Exército que dá prioridade a compras de picanha especial, de leite condensado em grandes partidas e de toneladas de comprimidos de Viagra, destinadas a levantar o moral sexual fraquejado de forças golpistas que permeiam a farda verde-oliva, desde o aviso dado, lá atrás, pelo general (inválido) Villas-Boas, ao impedir que o STF concedesse liberdade a Lula e este pudesse participar da eleição que conduziu Jail Bolsonaro ao desgoverno, que, desde 2018, comanda a destruição do país, como nação democrática e como uma das maiores economias do mundo.
Jail Bolsonaro, acolitado pela chusma de militares fascistas saudosos da Ditatura Militar (eles estiveram ativos o tempo todo nos mais de 21 anos do trágico regime de exceção que tanta desgraça trouxe à nação), e vendo que se aproxima a eleição presidencial em que, nas urnas, irreversivelmente, perderá, – tomou a frente do processo para se perpetuar no cargo (e no poder), custe o que custar.
Recomeçando por atacar, confrontar, contradizer e constranger o STF, Bolsonaro assume, descaradamente, a função jurisdicional, colocando-se, sem “papas na lábia”, acima do órgão máximo do Poder Judiciário, e ditando, ao bel prazer o que é e o que não é para ser feito, em termos de aplicação da Lei Maior do país.
Ao emitir o “acórdão” de sua “lavra”, desfazendo a condenação, pelo STF, do criminoso miliciano Daniel Silveira, o despresidente deixou claro, não só para os ministros da corte, como para a nação, que, nos destinos do país, quem “canta de galo” e ele, e que não vai admitir que este regime mude daqui a oito meses, com a posse, após a eleição, de um presidente que não seja ele mesmo, botando por água abaixo todo o esquema nefasto montado pela extrema direita a partir do golpe de 2016 para voltar a dominar.
ONDE ENTRA O COCHILO ETERNO DA OPOSIÇÃO
Esta escalada do regime autoritário miliciano militar, no país, sob o comando do “capetão” expulso do Exército por indisciplina, está clara para quem observa e analisa o contexto político e social brasileiro com acuidade, e fez sempre (constantes) alertas sobre o que estava para vir e está vindo mesmo.
O Brasil mergulhando em novo (e trágico) regime de exceção só não está explícito, ao que parece, para a oposição de esquerda, imersa na ilusão de que bastará Lula vencer a próxima eleição para assegurar sua posse no cargo de presidente, segundo garante a Constituição Federal, por enfeixar os pressupostos do nosso Estado Democrático de Direito.
Ora, o “capetão” despresidente, “falando grosso”, porque isto lhe garantem as Forças Armadas, quase em uníssono, acabou de tocar fogo na festejada CF-88 (que previu mandar a ditadura militar para o lixo da história) e de jogar as cinzas da “fogueira santa”, isto sim, no lixo do Palácio do Terraplanalto.
E enquanto o STF, em movimentos dúbios, baixa a cabeça para o autoritarismo, – quando deveria processar, de imediato, o impedimento do “Napoleão” sem o cavalo (ele próprio é o animal), – escancarando o nível de enfraquecimento das tão decantadas instituições nacionais, a oposição de esquerda, depois de uma sonolenta sesta, prepara-se para dormir, quem sabe o “sono profundo” dos que jamais acordarão.
Está mais do que óbvio que, ou a oposição e seus partidos despertam da letargia da pré-campanha eleitoral, e mobilizam, de imediato, o povo, junto com as demais instituições democráticas, para ocupar as ruas e garantir a realização das eleições com Lula e sua consequente posse, no cargo de próximo presidente, ou não há dúvidas, o caos irreversível estará instaurado no Brasil: Jail Bolsonaro não deixará o Palácio do Terraplanalto tão cedo.