Paulo Canuto / Ascom Diteal
Celebrar 50 anos de carreira! Poucos podem ostentar essa marca. Em Alagoas, temos a icônica Maria de Lourdes dos Santos, rebatizada Lu azul. A artista vai comemorar esse marco com a exposição “50 anos luz – Uma trajetória artística”. A abertura será nesta terça-feira (10), às 20h, na Galeria de Artes do Complexo Cultural Teatro Deodoro, no Centro de Maceió.
Transgressora, inquieta e rebelde, Ela fez da arte combustível para conquistar a liberdade – e conseguiu. Talvez os adjetivos citados sejam poucos para definir o talento de quem não se curvou a um estilo e expressou em suas produções o que tinha dentro de si. A exposição vai trazer um pouco da estrada percorrida em cinco décadas de ofício. Haverá quadros feitos desde 1969 até 2022.
“É com muita satisfação que finalmente podemos abrir a exposição em comemoração aos 50 anos da queridíssima Lu azul. Por conta da pandemia, só pudemos realizar agora. Não é todos os dias que vemos um artista alcançar essa marca, estando ainda em constante produção e regularidade. Por isso, será um prazer abrigar algumas de suas obras para abrilhantar ainda mais a nossa galeria. Está imperdível”, destaca Sheila Maluf, diretora-presidente da Diteal.
O tempo – compositor de destinos – quis fazer uma engenhosa simetria: a primeira exposição dela aconteceu no ano de 1969, na Varanda Boutique, em frente à Praça Deodoro. A loja, fechada há algum tempo, ficava a poucos metros do Complexo Cultural, que vai acolher a mostra de 50 anos.
Diferentemente do verso de Djavan, “O amor é azulzinho”, a afeição pincelada nas obras não é de uma única cor. Traz “[..] um cheiro de azul”, entretanto é multicor. Transmite vigor e brandura, concomitantemente. Ficar em frente a uma tela dela é imergir em um emaranhado de sentimentos bons, como se estivesse aproveitando a sensação de quem está “entre o mar e o entardecer”.
Multifacetada, Lu azul une a dicotomia de seu sobrenome, representando dois mundos dentro de si: o da tranquilidade, da serenidade, da harmonia e espiritualidade e outro da força, da garra e da ousadia. O nome veio de Beto Leão, que escreveu o poema “Lu azul, azulzinha” para ela.
Todas essas características da personalidade da artista estão presentes nos quadros, roupas e esculturas – ao todo, são mais de 40 obras. Elas dão o tom dos dois pisos da galeria. As formas pré-definidas não têm espaço no trabalho dela, pois a abstração dos traços vai moldar a percepção das figuras a partir da leitura de cada pessoa.
Lu azul iniciou a carreira com pinturas figurativas. Aos poucos, foi ousando. A partir dos anos 2000, passou para o abstrato, classificado por ela como “não tão formal, ou, melhor dizendo, um estilo próprio”. Formas, linhas e cores se entrelaçam até atingir a subjetividade de quem as contempla.
A artista agregou os materiais recicláveis como matéria-prima de seus trabalhos. “Eu comecei a fazer essas esculturas porque tenho mania de lixo, todas as vezes que eu passo por um lugar e vejo no lixo algo que me agrade, eu pego. Antigamente, minhas filhas não estavam acostumadas ainda. Eram móveis e afins, tudo isso eu pegava para mim, daí foi que comecei a fazer esculturas com recicláveis. Primeiro, porque tem o baixo custo, pois o lixo é de graça, e, também, porque acho o papelão lindo”, conta a artista.
O gerente artístico-cultural da Diteal, Alexandre Holanda, vai além quando fala dela. “A arte visual de Lu azul é impactante e enche nossos olhos, mexe com nossa emoção sensorial. Ela nos fala e ao mesmo tempo deixa em aberto a nossa compreensão, seus traços geométricos e a intensidade de suas cores nos trazem vitalidade e força. Nos cabe abraçar essa mulher surpreendente, sobrevivente e encantadora, artista comprometida com seu ofício, e incapaz de se afastar de sua criatividade, precursora do que hoje definimos como mulher empoderada”, ressalta.
Ser Lu azul é nos dizer, por meio desta exposição comemorativa aos seus 50 anos de carreira, que a arte e a vida andam juntas – na coragem de uma mulher alagoana que se percebeu e se tornou artista. Será um momento de reverenciar quem fez e faz história dentro da arte alagoana.
A exposição fica aberta até o dia 20 de junho. A galeria funciona de segunda a sábado, das 8h às 18h; e, aos domingos e feriados, das 14h às 17h, com exceção da semana em comemoração ao Dia Alagoano do Teatro, de 09 a 15 de maio, a galeria vai funcionar até às 21h. Agendamento de escolas e instituições sociais: (82) 3315-5660/ 98884-6885 ou pelo e-mail: escolasditeal@gmail.com. Lembrando que os dias de visitas guiadas são as terças e quintas, 10h, 11h, 14h e 15h.