Média de casos da Covid no país quadriplica em 10 dias; mortos somam 619 mil

Registros de novos infectados sobem há mais de duas semanas e dados ainda podem estar subnotificados
O descontrole na propagação pode estar relacionado às aglomerações do fim do ano e das férias e à presença da variante ômicrom no Brasil.
Nara Lacerda
Brasil de Fato

 

A média móvel* de casos diários da covid-19 no Brasil chegou a 23,2 mil nesta sexta-feira (7), cenário que não era observado desde setembro. Em dez dias, o resultado subiu mais de quatro vezes. Segundo dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde, o ritmo da pandemia aumenta sem parar há 16 dias.

Na análise dos números absolutos a cada 24 horas, o crescimento é ainda mais impressionante. Em 29 de dezembro, o país notificou cerca de 9 mil novos contaminados e contaminadas. Nesta sexta, foram 63,2 mil. O dado de dezembro sofreu impacto do recesso, que costuma ter menos registros. Ainda assim, a escalada acende o alerta.

::Em quatro dias, número de casos registrados de covid-19 aumentou quase 2.000% no Brasil::

O descontrole na propagação pode estar relacionado às aglomerações do fim do ano e das férias e à presença da variante ômicrom no Brasil. A tendência é de que os resultados subam ainda mais, com a expectativa de normalização do sistema do Ministério da Saúde, fora do ar há mais de um mês.

O avanço das mortes não acompanha a tendência e segue estável. Mas a média móvel de óbitos passou de 100 no último período, após mais de duas semanas abaixo desse patamar. Em 24 horas, foram relatados 182 casos fatais da covid-19.

Até agora, a pandemia já causou a morte de mais de 619 mil pessoas. O total de infecções pelo coronavírus desde os primeiros registros superou 22,4 milhões.

Fiocruz anuncia produção nacional de vacina

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) deve começar a entregar doses da vacina Astrazeneca totalmente fabricadas no Brasil a partir de fevereiro. Nesta sexta-feira (7), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deu parecer favorável à produção do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) pela fundação, o que abre portas para que a fabricação 100% nacional seja possível.

Segundo a presidenta da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, a pandemia explicitou a “dependência dos insumos farmacêuticos ativos para a produção de vacinas”. Nas palavras dela, a possibilidade de produzir as doses vai garantir “a autossuficiência do nosso Sistema Único de Saúde (SUS).”

Agora, a Fundação se tornou a primeira instituição do país quem tem chancela para a produzir e distribuir o imunizante sem necessidade de importar nenhum componente. Em julho do ano passado, após a assinatura do contrato de Transferência de Tecnologia com a parceira AstraZeneca, foi iniciada a fabricação com IFA nacional para testes.

De acordo com a Anvisa a eficácia os imunizantes que levam o ingrediente brasileiro apresentaram eficácia, segurança e qualidade igual ao fabricado com IFA estrangeiro. O Diretor do Bio-Manguinhos/Fiocruz, Mauricio Zuma, pontua que a aprovação demonstra capacitação em um “processo produtivo de alta complexidade.”

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“Mais do que isso, representa o cumprimento do nosso papel como laboratório oficial do Ministério da Saúde, incorporando tecnologias essenciais para o Brasil e trazendo soluções para a saúde pública”, completa Zuma.

O Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz) tem o insumo já pronto para 21 milhões de doses. Esse material está em diferentes etapas de produção, mas o envasamento já deve começar neste mês, após conclusão de testes de controle de qualidade no processamento final da vacina.

*Calculada a partir dos números de casos dos últimos sete dias.

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