Agatângelo Vasconcelos **
Desta terra das palmáceas,
recebei as prendas mais raras,
coco, palmito e mel;
e para a noite, ao fim do dia,
o canzenze que alumia
vosso céu de liberdade.
São vossos esses campos de açúcar,
estas serras palmarinas,
estas matas onde vivestes
sob o sol da igualdade.
E o que lembra a vossa gente
não contida pela força,
pelos ferros ou pelo açoite:
desta terra de contrastes.
São vossos os nossos mocambos
deste jeito de ser livre,
são nossos os vossos quilombos;
da senzala onde sofrestes,
é nossa a vossa vergonha,
e da guerra que travastes,
é nossa a vossa vitória!
Desta terra das palmáceas,
recebei as prendas mais caras:
a negritude da raça,
o banzo das nossas almas.
*(Do livro “Sagrado Coração Exposto” – Maceió, Edufal – 1981)
**Poeta alagoano, médico-psiquiatra