Redação do DCO
Uma matéria que saiu na Imprensa Burguesa deixa muito visível a pressão que a candidatura Lula vem sofrendo da direita. A disputa agora está em torno de uma palavra: “revogação”. Segundo a Folha de São Paulo, “Para mitigar resistências, inclusive entre os próprios aliados, a coordenação do plano de governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu excluir das diretrizes programáticas a proposta de revogação da reforma trabalhista”. (grifo nosso). E continua “O termo dará lugar a uma proposta de mudança da legislação trabalhista construída em negociação tripartite.”
Uma chapa composta também por elementos que participaram do golpe contra Dilma Rousseff não pode se opor de maneira consequente contra esse verdadeiro assalto dos direitos dos trabalhadores que foram as “reformas” trabalhistas. E já é esperado que vão pressionar Lula, tentando colocá-lo em atrito com a classe trabalhadora.
Está havendo toda uma negociação e desencontros, pois há aqueles que preferem, por motivos óbvios, o termo “revisão”. É claro que entre “revogação” e “revisão” há um grande abismo. E as centrais sindicais precisam pressionar para que se revogue, não apenas de “revise” as leis trabalhistas.
Uma revisão poderá apenas servir de maquiagem, retiram-se alguns pontos mais polêmicos e se mantém o essencial: o trabalhador escravizado.
Plano de governo
É importante que Lula apresente um plano de governo que seja o mais radical possível, pois assim conquistará com maior vigor o coração da classe trabalhadora. Sabe-se que um plano pode muito bem ser alterado. No atual momento servirá muito mais como um instrumento de agitação política, não significa que seja de fato implementado em um eventual governo, tudo vai depender da correlação de forças entre o operariado e a burguesia.
Planos podem ser mudados. Se, por um lado, a burguesia pressiona para direitização de Lula, pois isso o faria perder votos; por outro, a classe operária é muito maior que isso e pode exercer uma pressão mais poderosa à esquerda. A burguesia sabe que a candidatura Lula é sensível aos anseios dos trabalhadores e vai ter muita dificuldade para impor os ajustes neoliberais na economia que ainda quer implementar para desviar mais riquezas para os países imperialistas.
É importante que se diga que, não importa o quanto Lula e o PT cedam para acalmar o “mercado”, a verdade é que a burguesia não quer que o ex-presidente se reeleja. Afinal, não deram um golpe, “com Supremo, com tudo”, para abrir mão agora. A tendência é, caso não consiga consolidar uma candidatura na Terceira via, a direita seguir adiante com Bolsonaro e controlando seu governo, como tem feito desde o início de seu mandato.
A pressão vem de todos os lados
A pressão à direita vem também, é preciso lembrar, de setores mais direitistas do movimento operário. Durante as manifestações de rua de 2021, apenas os setores de base da esquerda, e o Bloco Vermelho, lutaram para emplacar a candidatura Lula, enquanto a direita do movimento sabotava as manifestações.
No início, o senhor Guilherme Boulos era um entusiasta de uma Frente Ampla que se aliasse também com o “campo democrático” da direita. Chegou a recorrer ao movimento pelas Diretas, já!, que marcou o fim da Ditadura Militar, se esquecendo apenas de mencionar que os trabalhadores foram traídos pelo movimento. As eleições foram para o Colégio Eleitoral, que apresentou Paulo Maluf contra Tancredo Neves, dois nomes ligados à Ditadura.
A direção do Movimento, que ficou a cargo de Psol e PCdoB, tratou de marcar datas de manifestações muito espaçadas. Muitas delas tinham suas datas conhecidas por meio da grande imprensa. E o tempo todo tentou trazer a direita para as ruas. Figuras como o abutre Ciro Gomes foram convidados a subir no palanque e discursar na Avenida Paulista, entrando em choque com a militância de base.
O fato concreto é que esses setores estavam a serviço Terceira Via, tentaram o quanto puderam evitar a pré-candidatura de Lula. Uma nota bizarra desses eventos foi a tentativa de se coibir a presença de faixas ou bandeiras pedindo a candidatura de Lula.
O vice de Lula
A grande imprensa também fez uma ampla pressão para que Alckmin, um verdadeiro cavalo de Troia saísse como vice na chapa de Lula. É claro que essa campanha não se restringiu à grande imprensa, a independente também encontrou defensores que alegavam que essa seria uma espécie de garantia para se vencer ainda no primeiro turno.
Após a apresentação do tucano na chapa do PT, muitos daqueles que pregavam uma frente mais do que ampla, amplíssima até, contra o “mal maior”, Jair Bolsonaro, começara a atacar dizendo que essa figura seria inaceitável.
Apesar de o vice ser um inimigo da classe trabalhadora. Lula continua sendo o candidato mais à esquerda e o único que no momento pode canalizar as demandas populares contra as perdas de direitos e contra a deterioração da qualidade de vida.
Por isso, é urgente criar os Comitês de Luta para levar essa luta adiante, o poder das ruas pode neutralizar essa pressão à direita que a candidatura Lula vem sofrendo.