Tragédia de Petrópolis conta 176 mortos e 100 desaparecidos

Após as enchentes e deslizamentos de 2011, que terminaram com cerca de 900 mortos, as prefeituras da região serrana usaram só 50% dos recursos disponibilizados pelo governo federal. Em toda a Serra, apenas metade dos R$ 2,27 bilhões disponibilizados para a recuperação da região pelo antigo Ministério das Cidades, hoje Ministério do Desenvolvimento Regional, foram aplicados
Prefeito de Macei
Michele de Mello
Brasil de Fato | São Paulo (SP) 

Defesa Civil do Estado do Rio de Janeiro anunciou que após seis dias de tempestade, Petrópolis soma 176 vítimas fatais; 100 pessoas permanecem desaparecidas, de acordo com a Polícia Civil. A previsão do tempo indica 90% de chances de que chova 30 mm para ontem (domingo). Desde terça-feira foram 259 mm de chuvas, uma média de 43 mm por hora.

A Prefeitura de Petrópolis pediu aos moradores da cidade que evitassem deixar suas casas no domingo (20) em razão de uma “megaoperação” de limpeza nas ruas da cidade.

Os bombeiros informaram que resgataram 24 pessoas com vida. A Defesa Civil já registrou 837 ocorrências, sendo 642 deslizamentos. No último sábado (19), 90 vítimas da chuva foram sepultadas no Cemitério do Centro de Petrópolis.

O governo estadual aprovou um orçamento emergencial de R$ 150 milhões para reconstrução de cinco áreas prioritárias.

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Tragédia anunciada

Após as enchentes e deslizamentos de 2011, que terminaram com cerca de 900 óbitos, as prefeituras da região serrana usaram só 50% dos recursos disponibilizados pelo governo federal. Em toda a Serra, apenas metade dos R$ 2,27 bilhões disponibilizados para a recuperação da região pelo antigo Ministério das Cidades, hoje Ministério do Desenvolvimento Regional, foram aplicados.

O Estado previu construir 7.235 domicílios nos municípios prejudicados, mas passados onze anos, foram entregues 4.219 casas.

Na época, a Assembleia Legislativa instaurou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar denúncias de desvio das verbas federais e estaduais pelos prefeitos da região. No relatório final, os parlamentares recomendaram a revisão dos contratos de três construtoras e concluiu que o principal fator que resultou na tragédia de 2011 foi a falta de uma política habitacional.

De acordo com o Ministério Público Federal, cerca de R$ 4 bilhões do orçamento da Secretaria Estadual de Obras, incluindo o valor aprovado para recuperar a região serrana do Rio de Janeiro, foi desviado. Os procuradores afirmam que o ex-governador Sérgio Cabral recebia 5% de propina das empreiteiras e para cada licitação, e ainda havia um pagamento de 1%, exclusivo para a secretaria.

Nos últimos dez anos, a secretaria de Obras teve três titulares presos e condenados: Hudson Braga, José Iran e Luiz Fernando Pezão.

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