A pobreza e a extrema pobreza continuam, ano após ano, a ser uma grande marca na sociedade brasileira. Segundo os dados mais recentes do IBGE, o país tinha 13,5 milhões de pessoas em situação de extrema pobreza, de acordo com critérios do Banco Mundial. Somadas aos que estão na linha da pobreza, chegam a 25% da população do país.
As características e a distribuição da população em situação de pobreza e extrema pobreza chamam a atenção. Os pretos e pardos correspondem a 72,7% dos que estão em situação de pobreza ou extrema pobreza – são 38,1 milhões de pessoas. Dentre aqueles em condição de extrema pobreza, as mulheres pretas ou pardas compõem o maior contingente: 27,2 milhões de pessoas. Vale destacar que o rendimento domiciliar per capita médio de pretos ou pardos é metade do recebido pelos brancos.
A distribuição geográfica da pobreza e extrema pobreza também é bastante desigual no Brasil. Quarenta e quatro por cento dos bra-sileiros abaixo da linha de pobreza em 2018 vivia na região Nordeste. O Maranhão é o estado campeão dessa tragédia, sendo que 53% dos seus cidadãos estão na linha de pobreza. Todos os estados das regiões Norte e Nordeste apresentaram indicadores de pobreza acima da média nacional.
Pesquisa do NIS nos estados do Maranhão, Paraíba e Piauí mostrou que tanto a incidência quanto a intensidade da pobreza são maiores em domicílios com presença de crianças. Nos três estados, há 186.241 crianças com idade de 0 a 11 anos em situação de pobreza multidimensional – que, além da educação, conside-ra o acesso à saúde, trabalho e padrão de vida – sendo 126.760 no Maranhão, 31.708 no Piauí e 27.773 na Paraíba. Nestes estados os vulneráveis são: 353.875 no Maranhão, 105.797 na Paraíba e 149.982 no Piauí. No total pobres e vulneráveis totalizam 764.187 crianças de 0 a 11 anos. (Acesso ao relatório na íntegra encontra-se no Site do NIS: nis.org.br).
A pobreza e a extrema pobreza têm efeitos terríveis para a dignidade das pessoas e, no caso de crianças e adolescentes, trazem consequências irreparáveis. A situação compromete irreversivelmente seu desenvolvimento, condenando-os ao estado perpétuo de vulnerabilidade. Crianças criadas em um ambiente de privação e violência não conseguem crescer, estudar e trabalhar, o que dificulta que se tornem adultos independentes, perpetuando o ciclo de pobreza.
Acreditamos na nossa capacidade de mudar esse cenário e construir um país em que todos tenham uma vida digna e que as crianças, adolescentes e jovens possam sonhar de forma igualitária.